Carta para os Deuses – Ele tem uma amante mais jovem. Devo deixá-lo ou lutar?
Deuses do Amor - Última atualização: 24 de dezembro de 2025
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Ele tem uma amante mais jovem. Devo deixá-lo ou lutar?
Queridos Deuses do Amor,
Escrevo com uma esperança: que me ouçam sem piedade e me aconselhem com a frieza e a lucidez que me faltam. Vou expor apenas os fatos — que, na verdade, são óbvios.
O homem com quem sou casada há 28 anos tem uma amante mais jovem. Tenho provas incontestáveis.
Poderia simplesmente ir, mas sempre acreditei que histórias longas, que nos deram tantas alegrias, merecem uma tentativa antes de serem enterradas.
Por isso estou tentando: esforço-me para recuperar a alegria de antes, a vontade de fazer coisas juntos. Cuido de mim, volto a me arrumar, procuro sorrir como quando éramos felizes. Faço tudo o que posso.
Ainda assim, por vezes sinto-me como um Dom Quixote lutando contra moinhos.
Diga-me: um amor morto pode ser recuperado? O valor de tantos anos juntos pode competir com a atração de uma nova história — ou devo me render à evidência de que nada dura e nada vale?
(Paula)
Os Deuses do Amor respondem
Minha querida Paula,
Não haverá pena aqui — com uma condição: que você não seja a primeira a ter pena de si mesma.
Pelo que conta, você se colocou numa posição perigosa: está correndo atrás — não só dele, mas também do fantasma do que foi. Está correndo atrás de uma memória que, inevitavelmente, mudou. E há um risco real nisso: perder o mais importante que lhe resta, seja para continuar amando, seja para recomeçar — perder a si mesma.
Pare um instante e faça esta pergunta com honestidade: você está lutando por ele ou por aquilo que ele representou?
Existe diferença. Uma coisa é resgatar uma relação quando há sinal de reciprocidade; outra muito diferente é vestir-se de batalha para convencer alguém a permanecer quando a escolha dele já foi outra.
Algumas verdades práticas para você respirar melhor:
- Valorize-se. Você não é uma cópia da amante jovem nem a réplica da mulher que foi há vinte anos. Você é inteira, com história, desejos e merecimentos próprios.
- Pare de perseguir. Quando a pessoa é sua, ela escolhe ficar — sem pressões, sem chantagens emocionais. Se ele prefere perseguir um novo romance, essa é a escolha dele.
- Exija clareza e respeito. Peça honestidade: posição dele, intenções, disponibilidade para conversar e, sobretudo, para reparar o que foi quebrado. Sem atitudes concretas, palavras não bastam.
- Reavalie com olhos propriamente seus. Observe como ele age quando você para de correr atrás. Isso diz mais do que qualquer promessa.
- Priorize sua vida. Continue cuidando de você, dos seus projetos, da sua alegria. Reatar emoções não é depender de aplausos alheios — é ter motivos internos para querer ficar.
- Considere apoio profissional. Terapia de casal (ou individual) pode iluminar se há forças reais para reconstruir algo ou se o caminho de cura passa por ir embora.
Por fim, lembre-se: se ele desistir — não você — então foi ele quem escolheu o fantasma. E essa escolha não diminui o que você viveu nem o que você vale.
Se você decidir lutar, lute por clareza, por respeito e por ações verdadeiras.
Se escolher partir, faça-o inteira, sabendo que não foi por falta de esforço, mas por lucidez.
Com carinho e firmeza,
Os Deuses do Amor
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