Opera Otello: o ciúme delirante
Deuses do Amor - Última atualização: 18 de setembro de 2025
Continuamos a falar de algumas óperas que falam de amor e relacionamento. É a hora de Opera Otello: o ciúme delirante
Ciúme e Violência: Otello e a Atualidade
O grito de Desdêmona em Otello — “Mate-me amanhã; esta noite, deixe-me viver” — é um apelo desesperado que atravessa séculos. Ele encapsula a angústia de milhares de mulheres que, ainda hoje, sofrem diante do ciúme possessivo e da violência daqueles que deveriam amar. Shakespeare, ao escrever sua tragédia entre 1602 e 1604, não apenas criou um drama histórico, mas também delineou o retrato psicológico de um homem consumido pelo ciúme.
A Tragédia de Otello
Otello, almirante de grande prestígio, é manipulado pelo soldado Iago, cujo ressentimento nasce da frustração pessoal: não ter sido escolhido para uma promoção. Iago, com astúcia e crueldade, insinua a suposta infidelidade de Desdêmona, usando provas materiais — como o famoso lenço — e a ingenuidade das mulheres ao redor.
O resultado é devastador: Otello, tomado pela obsessão, sufoca sua amada Desdêmona e, em seguida, comete suicídio ao descobrir a verdade. Shakespeare mostra que o ciúme não é apenas um sentimento, mas uma força que pode destruir completamente a razão, a moralidade e a vida de quem amamos.
Ciúme: Entre a Insegurança e a Obsessão
O protagonista é inseguro por ser estrangeiro em Veneza e por sua diferença de idade em relação a Desdêmona. Essa vulnerabilidade alimenta seu medo de perda e sua necessidade de controle. Iago apenas catalisa um processo que já existia dentro dele: a transformação do amor em tirania.
Shakespeare cria, assim, um alerta psicológico universal: quando o ciúme e a insegurança se sobrepõem ao amor, eles geram violência e destruição, tornando o sentimento de posse mais forte que o próprio afeto.

Otello Hoje: A Atualidade do Drama
A história de Otello permanece surpreendentemente atual. Casos de violência doméstica, perseguição obsessiva e possessividade extrema demonstram que, infelizmente, o ciúme continua sendo uma das principais causas de tragédias humanas. Assim como Otello, muitos homens — e até mulheres — transformam amor em controle, confundindo intimidade com poder e domínio.
O Amor Não É Posse
Marcel Proust disse que o amor pode se tornar uma “necessidade de tirania”, uma vontade de controlar a vida de quem amamos quando não conseguimos dominar a nós mesmos. Otello nos lembra que o verdadeiro amor não é feito de imposições nem de medo, mas de liberdade, confiança e respeito.
O eco do grito de Desdêmona continua a ressoar, claro e ensurdecedor: o amor só existe quando não há jugo, quando não se exige, quando se permite que o outro seja livre. Ignorar essa lição, seja nos palcos do século XVII ou nas casas do século XXI, é abrir espaço para tragédias evitáveis.
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