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O Beijo de Francesco Hayez

Deuses do Amor - Última atualização: 6 de novembro de 2025

“O Beijo” é uma das obras mais famosas de Francesco Hayez, pintada em 1859. Mais do que uma cena romântica, a pintura carrega uma mensagem política de rebeldia contra a ocupação estrangeira na Itália, refletindo o contexto do romantismo italiano.


Descrição da obra

A pintura retrata dois jovens vestidos à moda do século XV, abraçados em um beijo apaixonado.

  • O jovem está envolto em um grande manto que quase esconde seu rosto, mas um punhal é visível à sua esquerda, sugerindo um contexto de perigo ou resistência.
  • A jovem usa um simples vestido azul, cujo brilho se destaca na cena. Seu cabelo está solto, caindo sobre os ombros, enquanto o jovem usa um chapéu que cobre parcialmente o rosto.

O cenário é arquitetônico, com paredes de grandes blocos de pedra e detalhes esculpidos, típicos de construções medievais. À esquerda, no escuro, uma sombra humana sugere a presença de um espião observando o casal, reforçando o clima de tensão.


Simbolismo e interpretações

Embora pareça apenas uma cena romântica medieval, a pintura esconde uma mensagem política:

  • O jovem poderia ser um patriota prestes a lutar pela independência italiana.
  • A sombra à esquerda seria um espião austríaco, simbolizando a vigilância e repressão estrangeira.

Assim, Hayez transforma o amor em metáfora da resistência, lembrando obras como “A Liberdade guiando o povo” de Eugène Delacroix, que também conecta romantismo à luta pela liberdade.


História e encomenda da obra

O título original da obra é:
“O Beijo. Episódio da juventude. Trajes do século XIV”

  • Encomendada pelo conde Alfonso Maria Visconti, a pintura tinha o objetivo de criar um símbolo de patriotismo.
  • Hayez frequentava círculos separatistas e era admirado por Giuseppe Mazzini, figura central no movimento de unificação italiana.
  • Em 1886, a obra foi doada à Galeria de Arte de Brera, em Milão, e tornou-se um ícone sentimental e cultural do romantismo italiano.

Sobre Francesco Hayez

  • Nascido em Veneza, 1791, mudou-se para Milão, onde se tornou professor na Academia de Brera em 1850.
  • Faleceu em 1882, aos 91 anos.
  • Hayez é considerado o principal expoente do romantismo italiano, com início na estética neoclássica e posterior dedicação à pintura histórica.

Estilo, técnica e composição

  • Técnica: óleo sobre tela, 112 x 88 cm.
  • Estilo: mistura de romantismo e referências ao século XV, com forte tridimensionalidade.
  • Composição: as figuras centrais formam o eixo da pintura, com a jovem inclinando-se levemente para criar dinâmica visual.

A perspectiva dos degraus e a iluminação que vem de fora do quadro criam profundidade e monumentalidade, tornando a cena mais dramática e envolvente.


Cores e luz

  • O fundo em tons ocres da arquitetura medieval contrasta com as cores vivas dos protagonistas.
  • O vestido azul da jovem e a meia-calça vermelha do jovem remetem ao tricolor francês, aliado do Piemonte contra os austríacos na época.
  • A luz ilumina especialmente o vestido da jovem, destacando-a e conferindo intensidade emocional à cena.

Espaço e perspectiva

  • O ponto de vista baixo dá grandiosidade às figuras.
  • A composição central, somada à curva do corpo da jovem e à verticalidade do jovem, cria equilíbrio e elegância visual.
  • A sombra no canto esquerdo adiciona mistério e tensão narrativa, reforçando o caráter político da obra.

Conclusão

“O Beijo” de Hayez é mais do que um símbolo do romantismo italiano; é uma obra que mistura amor, patriotismo e história, carregada de significados ocultos que encantam historiadores, críticos de arte e o público em geral.

Ela nos lembra que o romantismo muitas vezes vai além do sentimento e pode se tornar uma arma simbólica contra a opressão e a injustiça.


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